Conheça as técnicas de Cirurgia Minimamente Invasiva Neurológica em Pediatria: Estereotaxia, Navegação Intraoperatória e Endoscopia.
O conceito de cirurgia minimamente invasiva representa uma evolução dos métodos de localização e diagnósticos pré-operatórios tornando possível cada vez mais menores incisões e, por consequente, menor invasão ao paciente. Por trás de todo este conceito habita a lógica de recuperação mais rápida, menores riscos e consequente melhor qualidade de vida aos doentes. Para tal, dispomos de artifícios por vezes modernos e por vezes mais antigos para a precisa localização das estruturas. Dentre os métodos de localização podemos citar a estereotaxia e a navegação intraoperatória. Junto ao conceito de cirurgia minimamente invasiva podemos também dividir aquelas que são baseadas em processos operatórios com o uso de instrumental convencional, porém com menores incisões e aquelas realizadas com instrumentais especiais como o endoscópio.
Estereotaxia: representa método mais antigo de localização de lesões, em especial para a lesões profundas podendo, entretanto, ser utilizado para qualquer tipo de lesão. Consiste na colocação de uma haste de metal em formato de coroa ao redor do crânio da criança e fixação com uso de três ou quatro parafusos estéreis fixados na pele. Vale a ressalva que a colocação de tais parafusos é realizada sob anestesia geral e a seguir faz-se um exame de imagem como por exemplo a tomografia. A partir daí utilizamos um sistema cartesiano de coordenadas XYZ com precisa determinação da lesão. Durante a cirurgia acopla-se à barra um sistema de réguas cuja localização proporciona precisão de 1 milímetro na lesão. Pode ser utilizado somente em crianças a partir de 2-3 anos de idade.
Navegação Intraoperatória: consiste na aquisição de imagens de tomografia ou ressonância magnética com cortes milimétricos do crânio ou coluna em matriz quadrada, ou seja, sem distorção dos eixos XYZ. Incorpora-se as imagens em um sistema de cálculos computadorizado que planeja uma imagem tridimensional e faz cálculos de localização da estrutura como se fosse um GPS. Fixa-se então o crânio do paciente com um sistema convencional de fixação craniana e, por método de infravermelho ou de marcação de pontos do crânio, faz-se uma leitura de superfície do crânio e face em relação a uma estrutura fixa de esferas que servirá de guia para o sistema. A seguir utilizando um sistema de esferas aplicadas em instrumentais próprios ou calibrados no sistema podemos ter em tempo real a imagem em uma tela de computador. Pode ser utilizado somente em crianças a partir de 3 anos de idade. Como adaptação do sistema podemos utilizar em crianças menores fiduciais cutâneos de localização seguido da realização de imagem de tomografia por exemplo. Adquire-se então as imagens com os fiduciais e após colocada a criança na mesa operatória fixa-se o crânio com fitas adesivas. Faz-se então uma leitura de pontos baseada nos fiduciais tornando possível a navegação. Caso haja a movimentação do crânio durante a cirurgia é possível calibrar o sistema utilizando a leitura pelos fiduciais. Pode ser utilizada também para cirurgia de coluna.
Endoscopia: diferentemente da estereotaxia e navegação a endoscopia não representa um método de localização propriamente dito. Representa um método diferente, baseado em instrumentais específicos para a realização de uma cirurgia. Podemos assim realizar uma incisão pequena e levar a nossa imagem, ou seja, a visão do cirurgião bem próximo das estruturas necessárias e com material específico cortar, coagular e ressecar lesões, em especial profundas, que por vias convencionais seriam bastante invasivas. Pode ser também realizada com navegação ou estereotaxia melhorando a precisão perdendo, entretanto na capacidade de coagulação e controle de sangramento. A imagem está justaposta a lesão e qualquer mínimo sangramento torna dificultosa a visualização da imagem pela sujidade da lente de visão. É utilizada em especial para lesões pouco sangrantes ou intraventriculares.