As válvulas de derivação são sistemas cuja função é desviar o excesso de líquor produzido dentro do crânio (ventrículo) para outra cavidade corporal a qual irá comportar este excesso de líquido.
A cavidade mais utilizada é a peritoneal representando mais de 90% das cirurgias surgindo daí o nome DVP (derivação ventrículo-peritoneal). Outras possibilidades são a derivação para o átrio cardíaco, a cavidade pleural do pulmão e o próprio seio sagital superior tendo cada qual sua peculiaridade de indicação e possíveis complicações. Além da questão do local de drenagem temos também diferentes tipos de válvulas à escolha.
1- Válvula de pressão fixa: representam válvulas com pressão não regulável acima das quais há a drenagem de líquor. Representam os sistemas de tecnologia mais antiga disponíveis no mercado sendo principalmente utilizados no sistema público de saúde. As válvulas podem ser ainda escolhidas entre baixa, média ou alta pressão podendo ser escolhida a válvula que supostamente melhor se adequaria para a condição hidrodinâmica do doente. Há a possibilidade de mudança de pressão do sistema, entretanto é necessária outra cirurgia para a troca da pressão da válvula.
2- Válvulas autorreguláveis: representam sistemas focados no auto ajuste do volume da drenagem de líquor. Representam sistemas tecnológico mais moderno sendo uma opção ao cirurgião aos sistemas de pressão fixa e de pressão programável como disposto a seguir. Neste modelo o médico não pode intervir no ajuste de drenagem do paciente, excetuando como nas válvulas de pressão fixa, que seja feita uma nova cirurgia e trocada a válvula.
3- Válvula de pressão programáveis: competem com os sistemas autorreguláveis na escolha do cirurgião sendo em geral a principal escolha uma vez que pode ser regulada a quantidade de drenagem de líquor conforme orientação médica. A implicação da escolha da drenagem pode auxiliar o médico no ajuste fino e melhoria dos sintomas do paciente. Neste contexto ainda dispomos de válvulas com perfil baixo ou alto (mais ou menos abaulado a pele acima da qual a válvula fica), maior ou menor extensão, com ou sem câmara de punção (para coleta de líquor), com mais ou menos possibilidades de programação e com ou sem mecanismo anti-sifão que será disposto a seguir.
4- Mecanismo Anti-sifão: representa um sistema focado na redução da drenagem excessiva de líquor quando em posição vertical. A diferença de potencial gravitacional entre o crânio e o abdome (local mais utilizado) depende da posição que o paciente se encontra sendo maior quanto em posição ereta. Este mecanismo funciona bloqueando a drenagem quando em posição ereta e liberando a drenagem quando deitado ou eventualmente semi-deitado. Não representa uma válvula propriamente dita e sim um recurso que pode ou não ser incorporado ao sistema de DVP.
A Neuroendoscopia representa também outro método de tratamento das hidrocefalias sendo, entretanto indicados somente para àquelas com característica obstrutiva. Através deste método gera-se um desvio da drenagem de liquido dentro do próprio crânio tornando possível a absorção intracraniana deste. Vale a ressalva que este sistema somente funciona quando não há excesso de produção ou redução de drenagem, somente quando há uma obstrução do fluxo de drenagem.