O autismo é um distúrbio neurológico que se desenvolve nos primeiros anos de vida. O transtorno limita a interação da criança, bem como sua capacidade de empatia e atenção. Porém, com o diagnóstico precoce, é possível amenizar os sintomas do problema.
O que é?
O autismo é um transtorno neurológico que causa déficits duradouros na interação e comunicação social do indivíduo. Como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, o autismo é um distúrbio de neurodesenvolvimento. Essa condição, comumente diagnostica nos três primeiros anos de vida do paciente, afeta diretamente o processamento de informações no cérebro.
O paciente acometido pelo distúrbio pode demonstrar uma série de desvios no comportamento, no desenvolvimento da aprendizagem, na cognição, além de manifestar depressão e falta de empatia. A criança nesses casos apresenta dificuldades em se expressar, seja de forma verbal ou na comunicação por meio de gestos. Ademais, elas ainda possuem a tendência de repetir hábitos, padrões, gestos e palavras de forma sistemática e padronizada.
Recentemente o autismo foi incorporado ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), que também classificou a Síndrome de Asperger no termo de Transtorno de Espectro do Autismo (TEA). Porém, mesmo com a atenção dada pelos meios de comunicação, ainda existem muitas dúvidas sobre o que é autismo. Portanto, conheça abaixo um pouco mais sobre esse distúrbio.
Quais as causas?
Ainda existe um debate muito grande na comunidade médica a respeito dos desencadeadores do autismo. Porém, é consenso de que o distúrbio, em pelo menos 50% dos casos, é acarretado por fatores externos como forte exposição ao mercúrio e uso desmedido de drogas (ilícitas ou não) pela mãe durante o período de gestação. Outra causa que está associada com a condição é a predisposição genética do indivíduo.
Em 1999 foi divulgada uma pesquisa que causou alerta no sistema global de saúde. O renomado médico britânico Andrew Wakefield publicou um estudo que associava o desenvolvimento do autismo, com a injeção da vacina tríplice no organismo das crianças. Evidente que o artigo causou consternação, mas também dividiu muitas opiniões. Entretanto, depois de muito debate e impasses, a comunidade médica refutou o estudo. Mesmo assim, até hoje, muitas pessoas relacionam erroneamente o transtorno à aplicação da vacina.
Qual o grupo de risco?
Pesquisas não apontam riscos de autismo baseado em renda familiar, escolaridade ou estilo de vida. Pelo contrário, qualquer família, independentemente da classe social, está sujeita a ter uma criança com o transtorno.
Por uma razão ainda não reconhecida pela medicina, o autismo possui uma incidência cinco vezes maior em meninos. Nesse contexto de risco também foi analisado que históricos familiares podem influenciar no desenvolvimento do transtorno.
Outro ponto apontado de risco se refere à idade dos pais. Quanto mais velhos, maiores serão as chances do bebê apresentar autismo.
Como é possível perceber?
Os sintomas de autismo são bem perceptíveis. Geralmente eles começam a aparecer entre os seis meses e três anos de vida. Em alguns casos, crianças que apresentam um comportamento normal de evolução gradual durante o crescimento, podem desenvolver o autismo regressivo. Ou seja, o paciente de até dois anos pode perder as habilidades linguísticas já adquiridas.
Entre os principais sintomas de autismo destacam-se alguns bastante notáveis. Os sentidos apurados (visão, tato, olfato, audição e paladar) são uma constante entre as crianças autistas. Nesse quadro, o paciente desenvolve aversão por determinados objetos, baseados na cor, cheiro, ou até mesmo pela textura do material. Um exemplo claro é a ojeriza por um certo tipo de roupa. O paciente mais sensitivo, por exemplo, se recusa a usar uma determinada vestimenta, por lhe causar coceira e angústia. O oposto também pode acontecer. Nesse outro caso, a criança autista cria um vínculo emocional e apego compulsivo por um objeto, sendo difícil separá-los.
Outro sinal predominante é variação abrupta de humor e resistência às mudanças na rotina, ou até mesmo no reposicionamento de objetos. Esse fator pode desencadear uma série de transtornos graves como depressão, agressividade, irritabilidade e hiperatividade.
E, por fim, um dos principais sintomas do autismo está associado com a estereotipia. Ou seja, a repetição compulsiva de movimentos como mexer a cabeça para os lados ou balançar as mãos e braços.
Além desses sinais, que podem ser manifestados de forma moderada a grave, o paciente que sofre com o distúrbio também apresenta dificuldade na comunicação, baixa capacidade de concentração e interação social limitada.
Diagnóstico
Ainda existem muitas dúvidas sobre o que é autismo e a melhor forma para identificá-lo. Contudo, se o diagnóstico for precoce, as chances de regressão do distúrbio aumentam consideravelmente.
O principal conselho dado para os pais e responsáveis pela criança com suspeita de autismo, é procurar pela ajuda de um pediatra ou neurologista. Durante a consulta, o profissional irá analisar quaisquer tipos de sinais que comprovem o atraso no desenvolvimento do paciente.
O exame deve ser criterioso e fundamentado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, publicado pela Associação Americana de Psiquiatria. Segundo a publicação, a criança terá a condição comprovada se apresentar ao menos seis sintomas padrões da doença.
É necessário muito esmero por parte do médico para identificar o problema. Em virtude disso, foi criada uma triagem para a averiguação mais precisa do paciente. Por meio de entrevista, programa de observação e testes de triagem é possível identificar o transtorno com eficácia.
Tratamento
Embora a percepção sobre o que é autismo esteja mais definida do que era há poucas décadas, ainda resistem resquícios de falta de informação, que vão de encontro à realidade. Um desses estigmas antiquados se baseia na limitação do indivíduo autista por toda a vida. Esse é um erro recorrente, ainda que o problema não tenha cura.
Por meio de tratamentos comportamentais como, controle da raiva, processamento sensorial e terapia intensiva, é possível amenizar os sintomas do autismo. Hoje um paciente que sofre do transtorno se adapta muito mais fácil à sociedade, graças aos tratamentos e ao carinho da família. Em casos mais severos, porém, o uso de medicamentos antipsicóticos se faz necessário, pois auxilia no controle e redução de sintomas de autismo.