Quando nossos filhos são bem pequeninos, todo o cuidado é pouco. Buscamos a todo momento evitar que quaisquer coisas aconteçam a eles. As quedas, no entanto, representam uma das maiores causas de busca do pronto atendimento ao neurocirurgião pediátrico.
Inicialmente os bebês são todos molinhos e parecem que vão quebrar. Conforme eles vão se desenvolvendo, a coordenação de contração e relaxamento muscular passa a permitir movimentos inicialmente mais simples como o simples rolar, virar a cabeça para acompanhar com o olhar entre outros movimentos que o permitem descobrir o mundo.
É nesta fase, que acontece a maioria das quedas. Não acreditamos que possa acontecer algo, pois muitas vezes nem passa pelas nossas cabeças, mas em um segundo tudo pode acontecer.
Mais para frente quando o bebê aprende a engatinhar, quedas podem acontecer de degraus de escadas que não estavam protegidas dos bebês. Quando começam a esboçar e estabilizar o andar também representa outro momento de constantes quedas. A maioria delas de baixo impacto, porém, podem acontecer de quedas de maior impacto craniano junto ao solo, como por exemplo, quedas da cama ou do beliche.
Felizmente a cabecinha de uma criança representa uma das melhores estruturas de amortecimento de impacto. Antes dos 2 anos, a constituição de tecidos ósseos mantidos em uma estrutura circular, são conectados por tecidos moles e flexíveis e internamente, uma estrutura cerebral envolta de líquido permite uma proteção espetacular ao traumatismo craniano.
A deformação da estrutura associado a proteção cerebral pela coluna líquida permite que a maioria dos traumatismos cranianos em crianças, tenham seguimento apenas observacional, sem necessidade de cirurgias e, mais importante, sem a causar danos cerebrais e prejuízos no desenvolvimento neurológico das crianças.
Aquela culpabilização de que foram as mães as responsáveis pelas quedas, não tem fundamento.
Os traumatismos mais sérios, de impacto mais evidente podem causar fraturas cranianas que em sua grande maioria são de tratamento conservador. Algumas vezes quando as fraturas englobam as linhas de crescimento craniano, a observação e seguimento neurológico deve ser considerada buscando avaliar precocemente deformidades cranianas.
Muito raramente, a lesão que causa desvios nas curvas de crescimento craniano, vai cursar com deformidade craniana que necessite de tratamento mais incisivo. Lesões encefálicas também representam situações raras no contexto dos traumatismos apresentados e em geral, quando presentes são de pequenas dimensões e pouco influem no desenvolvimento neurobiológico daquela criança.
Algumas dicas, contudo, ajudam a prevenir os traumatismos. A prevenção é o lema principal para estes tipos de eventos, principalmente naqueles principais pontos abordados acima:
- Evite trocadores alto.
- Antes das trocas garanta que todos os itens que irá utilizar estão à sua mão.
- Evite fazer outras coisas ao mesmo tempo da troca, como por exemplo falar ao telefone.
- Não se esqueça de sempre levantar a grade do berço, se necessário é preferível travar ela na posição superior para evitar esquecimentos.
- Proteja escadas e demais vãos de sua casa ou do ambiente com grades fixas.
- Proteja o cercadinho do bebê com piso flexível como exemplo EVA, edredon ou até mesmo espuma de colchão, amortecendo o impacto.
- Coloque grade de proteção na cama dos seus filhos, eles acordam muito sonados e frequentemente caem.
E, se infelizmente acontecer, lembrem-se em geral tudo dará certo. Raramente seu filho (a) terá alguma sequela cerebral e quase nunca será necessário cirurgia. Caso contrário, estarei à disposição para ajudar!