No Brasil, a Microcefalia ficou amplamente conhecida a partir de 2015, após um surto de casos ligados ao Zika vírus. A condição não tem cura, mas a criança com Microcefalia pode ter qualidade de vida e bom desenvolvimento com os tratamentos adequados.
O que é?
A Microcefalia é uma condição rara que ocorre quando o cérebro e o crânio de uma criança apresentam medidas inferiores às recomendadas para bebês do mesmo sexo e idade.
Após o nascimento, as crianças passam por uma série de exames para verificar suas condições de saúde. Os recém-nascidos não prematuros (que nasceram entre 37 e 42 semanas, após os nove meses de gestação) devem passar pelo teste de medição do Perímetro Cefálico (PC) – do crânio – entre as primeiras 24 horas e uma semana de vida. Seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a medida deve ser superior a 32 centímetros. Se for menor ou igual a 32, já há diagnóstico de Microcefalia.
Nos casos de bebês prematuros, as medidas devem ser avaliadas de acordo com as recomendações da OMS, avaliando o tamanho e período gestacional de nascimento da criança.
A Microcefalia não tem cura, mas existem diversos tratamentos, que devem ser realizados desde o nascimento, que proporcionam uma vida com qualidade e um bom desenvolvimento dentro das possibilidades da pessoa.
Diferente da Microcefalia, os casos de Macrocefalia apresentam um aumento craniano anormal em bebês e devem ser avaliados por neurocirurgiões pediátricos.
Quais as causas?
Entre as causas da Microcefalia estão algumas infecções adquiridas pela mãe – e transmitidas para o bebê – durante o período gestacional. A sigla STORCH integra cinco doenças que podem resultar na condição: Sífilis, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes.
A Microcefalia também está associada, em alguns casos, ao uso intenso de drogas e álcool pela gestante, exposição a alguns produtos químicos e quadros de desnutrição grave da mãe durante a gravidez.
As causas que estão ligadas a condições não genéticas são chamadas de externas ou ambientais. Além disso, certas síndromes genéticas podem causar a malformação congênita, como a Síndrome de Down.
A Microcefalia e o Zika vírus
No Brasil, os casos de Microcefalia foram associados ao Zika vírus após o surto da condição que afetou diversas crianças nos anos de 2015 e 2016, majoritariamente no Nordeste. Houve, inclusive, decreto de estado de emergência no país por conta da alta incidência.
O Zika vírus (ZIKAV) é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da Dengue e febre Chikungunya. Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre os casos de Microcefalia e a infecção materna pelo vírus da Zika.
Os casos atingiram principalmente estados do Nordeste, como Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe. Em 2015, no início do surto, Pernambuco foi o local que mais apresentou eventos de crianças com Microcefalia.
Em 2017, houve uma diminuição considerável no país na quantidade de casos. No entanto, ainda são necessários cuidados específicos durante a gravidez, como o uso de repelentes, além do trabalho constante para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Diagnóstico e Tratamentos
Alguns casos de Microcefalia podem ser diagnosticados ainda no período gestacional, por meio de exames de ultrassonografia realizados no pré-natal. Após o nascimento, o diagnóstico é feito por um conjunto da medição do PC e de outros exames indicados, como ressonância magnética, raio-X e exames de sangue (inclusive para investigar as causas da malformação).
Os primeiros sintomas podem ser percebidos já pelos pais e pediatra. A cabeça menor que o normal e alguns atrasos de desenvolvimento costumam ser os sinais mais claros para investigar o caso juntamente com um neurocirurgião pediátrico.
A maioria dos casos de Microcefalia, cerca de 90%, está ligada a atrasos no desenvolvimento psicomotor. Apesar de não existir cura para a condição, existem diversos tratamentos que proporcionam qualidade de vida para a criança.
Quanto antes começar o acompanhamento, melhores são as perspectivas. Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional costumam ser indicadas já no começo da vida para ampliar as possibilidades de desenvolvimento da criança.
Existe prevenção?
Como a Microcefalia está ligada a diversos fatores, é importante trabalhar a prevenção destes para evitar a malformação.
O primeiro passo é realizar cuidadosamente o pré-natal. As consultas e exames regulares são essenciais para avaliar a saúde do bebê e da mãe. Qualquer sintoma, como febre – que indica possíveis infecções – devem ser relatados ao médico assim que aparecerem.
Se a gestante morar em alguma região com incidência de casos de Zika vírus, deve utilizar um repelente indicado pelo médico que acompanha o pré-natal para evitar as picadas. Também é válido pedir para alguém verificar se existem focos de criadouros do mosquito na casa da mãe ou em algum imóvel vizinho.
Para evitar a Microcefalia, e também outras complicações, a mãe deve cortar o consumo de bebidas alcóolicas, cigarro e outras drogas durante o período gestacional. É importante também manter uma alimentação balanceada, se possível com acompanhamento de um nutricionista.