A Síndrome do Crânio em Folha de Trevo é caracterizada pela má formação da cabeça do feto, ainda nos primeiros meses de gestação. Graças aos avanços da medicina obstétrica e preventiva, hoje é possível tratar a deformidade.
O que é?
Para a melhor compreensão da síndrome do crânio em folha de trevo, é preciso conhecer um pouco mais sobre a formação craniana dos bebês. Nos primeiros meses de gestação, a estrutura óssea que compõe a cabeça do feto se forma gradativamente por meio do processo de interposição. Ou seja, é quando os ossos do crânio são divididos por articulações fibrosas, chamadas de suturas. Elas são responsáveis por estabelecer ligações entre esses ossos, essenciais para a formação craniana.
Quando essa articulação se fecha prematuramente, o crescimento do crânio se dá de maneira desordenada. Consequentemente, o feto que apresenta essa malformação, ainda nos primeiros meses de gestação, sofre de Craniossinostose ou Cranioestenose. Esse tipo de patologia causa severas deformidades na cabeça do bebê. Existem várias anomalias associadas com o fechamento prematuro das suturas, entre as mais conhecidas destacam-se a escafocefalia (crânio curvo e alogado) e a plagiocefalia (crânio oblíquo ou inclinado).
Já o crânio em trevo, por ser um tipo menos comum de craniossinostose, também é pouco difundido pela comunidade médica. Nessa condição extremamente rara, o feto apresenta um crânio trilobado (com três lóbulos), olhos saltados da órbita (exorbitismo), implantação baixa das orelhas e afastamento em excesso das órbitas oculares (hipertelorismo). A característica lobulada, que se assemelha a uma folha de trevo, dá origem ao nome da doença.
Em casos mais severos da patologia, o feto apresenta obstrução nas vias respiratórias, que podem causar comprometimentos após o nascimento. Também não é raro em casos de síndrome do crânio em folha de trevo, o paciente apresentar hidrocefalia.
Inclusive, existe uma associação entre a má formação craniana com a síndrome de Pfeiffer, na qual os bebês são acometidos por alargamentos dos polegares e dedões dos pés, além de sofrerem com significantes desvios para dentro nos membros inferiores.
Quais as causas
A primeira evidência da doença foi registrada em 1973. Desde então foram constatados poucos casos dessa malformação craniana, ao redor do mundo.
Infelizmente os estudos sobre as origens da doença ainda são escassos. Embora se saiba que, como qualquer outra craniossinostose, o crânio em trevo é originado por uma mutação genética. No caso da síndrome do crânio em folha de trevo, a anomalia deriva-se do fechamento precoce das suturas occiptais e coronais, ambas localizadas no topo da cabeça do bebê (região calvária).
Porém, algumas teorias apontam para uma suposta e desmedida ossificação endocondral. Ou seja, quando há uma alteração significativa no processo celular de cartilagem. Contudo, ainda não há base concreta e estudos profundos para a confirmação dessa teoria.
Dado esses fatores, ainda é impossível definir o grupo que está mais sujeito a ser acometido pela patologia.
Sintomas e diagnóstico
O diagnóstico da deformidade no feto pode ser constatado nos exames pré-natais. Em um simples ultrassom, por exemplo, é possível fazer a verificação da anormalidade, graças à morfologia alterada apresentada durante o exame.
Até poucos anos, o diagnóstico da síndrome do crânio em folha de trevo era detectado a partir do terceiro trimestre de gestação. Porém, com o avanço da medicina preventiva, a identificação da patologia pode ser antecipada para, no mínimo, três meses. Isso se deve, sobretudo, à eficácia nos métodos modernos de diagnóstico obstétrico, que estão cada vez mais eficientes. Agora, com apenas poucos meses de gestação é possível constatar a presença de anomalias cranianas no feto.
Quanto mais cedo for o diagnóstico, melhores serão os prognósticos do bebê. Dessa forma, será possível planejar os procedimentos cirúrgicos mais adequados para o recém-nascido.
Tratamento
Depois de identificado o crânio em trevo, ainda no útero da mãe, aguarda-se o momento de seu parto. Logo após o nascimento, a criança é encaminhada para exames radiográficos. Dessa maneira será possível mensurar com mais precisão o grau de deformidade, bem como a intensidade de hipertensão intracraniana.
Após todos os procedimentos de averiguação cabíveis, o bebê será encaminhado para uma cirurgia corretiva. Um avanço e tanto para medicina que, até pouco tempo, classificava a síndrome do crânio em folha de trevo como intratável.
Felizmente, nessa área da neurocirurgia e técnicas apuradas por parte dos profissionais, é possível retrair a condição. Os resultados são satisfatórios, tanto os estéticos quanto os intelectuais, embora o paciente deva passar por tratamento intensivo até a amenização do quadro de deformidade.
Prevenção
Como abordado nos tópicos anteriores, não é possível prevenir esse tipo de patologia tão rara, já que não se conhecem suas causas (etiopatogenia). Contudo, por meio de exames de imagem como ultrassom, os responsáveis pela criança, bem como o obstetra responsável, terão condições suficientes de planejar o pronto atendimento da criança, logo após o seu nascimento. Isso contribuirá para um melhor prognóstico do paciente acometido pelo crânio em trevo.