O glioma de baixo grau em pediatria consiste na divisão lenta de células cerebrais, responsáveis pela formação de tumores. A mais comum é o astrocitoma, condição que pode ser tratada por meio de procedimentos cirúrgicos ou por quimioterapia e radioterapia.
O que é?
Os gliomas são os tipos de tumor cerebral mais comuns entre crianças e adultos. Essa anomalia desenvolve-se a partir do crescimento desmedido das células gliais, que compõem o tecido nervoso e que são responsáveis por envolver os neurônios.
Esses tumores podem ser caracterizados em intensidades distintas como glioma de baixo grau e de alto grau, determinados por critérios adotados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No primeiro caso, as células tumorais costumam se dividir mais vagarosamente. Enquanto nos de "alto grau", as células parecem mais agressivas quando observadas em microscópio.
Mesmo os tumores não malignos na região podem ocasionar uma série de problemas, já que exercem pressão sobre as estruturas cerebrais. Por isso o surgimento de sintomas nesses pacientes é inevitável.
Existem tipos distintos de gliomas, sendo o astrocitoma pilocítico o mais comum, sobretudo em pacientes pediátricos. Esse tipo de tumor acomete uma forma especial de célula glial chamada astrocita, estrutura incumbida de suportar os neurônios. Segundo classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), esse glioma é rotulado como de baixo grau (grau I).
O astrocitoma pilocítico é o glioma de baixo grau mais comum, sendo que sua maior incidência pode ser constatada na região do cerebelo. Porém esse tumor cerebral também se manifesta em qualquer parte do sistema nervoso central. O astrocitoma pilocítico corresponde a cerca de 20% dos tumores cerebrais diagnosticados em crianças, e é reconhecido por se desenvolver lentamente.
Além dessa anomalia, a célula astrocita pode sofrer com outros tipos distintos e incomuns de tumores como o tipo fibrilar e anaplásico, respectivamente de grau II e grau III. De forma geral, essas anomalias se espalham com mais facilidade e rapidez para outras regiões do sistema nervoso central do paciente.
Outros tipos de glioma são o oligodendroglioma, que atinge as células nervosas que revestem os neurônios, e os gliomas de vias ópticas que podem acometer a visão do paciente.
Quais as causas?
Como na maioria dos casos de câncer, muitas vezes as causas e o desenvolvimento da doença não são identificados. No glioma de baixo grau não é diferente, embora alguns fatores estejam correlacionados com mutações genéticas e síndromes específicas, tais como de Li-Fraumeni, síndrome de Turcot, esclerose tuberosa e neurofibromatose. Inclusive, muitas crianças que apresentam esse último tipo de síndrome podem apresentar gliomas da via óptica.
De forma geral, o surgimento de tumor cerebral se desenvolve a partir da divisão desenfreada de células. A princípio, eles são assintomáticos até tomarem grandes proporções. Nesse estágio, o tumor pressiona estruturas neurológicas, causando uma série de sintomas para os pacientes.
Sintomas
Os sintomas dos gliomas se manifestam de acordo com a sua localização no cérebro. Comumente o paciente acometido por um tumor cerebral se queixa de fortes dores de cabeça e vômitos que não estão associados a transtornos gastrointestinais. A cefaleia, de forma geral, se dá no começo do dia, logo ao despertar.
Em alguns casos, o paciente pode sentir alterações nos olhos. Visão embaçada ou dupla é mais comum para quem sofre com tumores cerebrais. Quando há perda de visão, o problema pode estar localizado na própria via óptica.
Nas crianças, há ainda a perda de estabilidade nos movimentos e dificuldade no equilíbrio. Isso ocorre em pacientes que apresentam astrocitomas localizados na região do cerebelo. Perda da coordenação motora e comportamento irritadiço também são sinais latentes do surgimento de tumores.
Diagnóstico
Com a constatação de tais sintomas, o neurologista pediátrico deverá realizar um breve exame clínico junto ao paciente. Nesse caso é avaliada a coordenação, sentidos e reflexos da criança. É normal que o profissional faça muitas perguntas ao paciente e ao responsável presente na consulta. O histórico familiar de câncer é muitas vezes colocado em pauta durante a conversa.
Quando, de fato, há suspeita de uma patologia mais complexa, o médico encaminhará o paciente para exames de imagem como tomografia computadorizada e ressonância magnética. Se houver a presença de um tumor cerebral, os exames identificam uma massa ou lesão atípica. Os gliomas geralmente são diagnosticados durante o exame de ressonância magnética.
Há também a opção pela biopsia, que consiste no procedimento de retirada de um pedaço do tumor para investigação. Por meio de análise microscópica será possível avaliar o tipo de câncer encontrado.
Tratamento
O glioma de baixo grau pode ser tratado em conformidade com os resultados obtidos nos exames histológicos (por observação microscópica de tecidos biológicos). Basicamente o tratamento pode ser feito por meio de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. Quando o tumor de baixo grau é assintomático, o paciente é submetido apenas ao monitoramento, sem a necessidade de realizar tratamentos adicionais.
Quando há a necessidade de operação, como nos casos de astrocitoma pilocítico e fibrilar, a maior parte do tumor é removida com segurança. O plano cirúrgico é traçado por meio da ressonância magnética ou tomografia computadoriza. De forma geral, os pacientes que se submetem a esse procedimento, posteriormente deverão realizar o tratamento por quimioterapia ou radioterapia.
Gliomas localizados em regiões de difícil acesso, como o nervo óptico e o de tronco cerebral, são inoperáveis. Nesses casos somente a quimioterapia e a radioterapia poderão contribuir para a melhora clínica do paciente.
Casos de recidivas da doença após o tratamento são comuns. Porém cada ocorrência, e seu respectivo tratamento, serão traçados de antemão pelo neurocirurgião pediátrico responsável.